Em média em Portugal as grandes empresas são 1,4 a 1,6x mais produtivas que as PMEs, mas temos menos 41% do emprego em grandes empresas do que a média europeia
A produtividade aparente do trabalho, medida pelo PIB por hora trabalhada em PPS, revela que Portugal tem um défice substancial neste indicador. Em 2023, o valor da produtividade por hora no nosso país não ultrapassou os 71% da média da UE, próximo do nível que registava em 2000, distante dos 98% de Itália, 96% de spanha, 84% da Eslovénia ou 78% da República Checa.
Os países concorrentes que registam os menores níveis de produtividade são a Grécia (56%) e a Polónia (66%), embora este último estivesse em 2000 em 46% da média da UE, registando uma recuperação significativa desde aí. A produtividade em Portugal esteve em divergência com a média da UE entre 2013 e 2020, no entanto, desde 2021 aparenta estar em recuperação, ao registar-se um crescimento superior ao da UE. Esta é uma trajetória que é essencial manter para assegurar o desenvolvimento económico e social do país.
Uma das razões que explica a fraca produtividade da economia portuguesa é o facto de o tecido empresarial ter poucas grandes empresas, o que penaliza a produtividade. Só 0,25% das empresas são grandes empresas, mas empregam cerca de 20% da força de trabalho e geram 32% do Valor Acrescentado Bruto (VAB). O VAB por empregado das grandes empresas é 2,5x o das micro, 1,6x o das pequenas e 1,4x o das médias empresas:
Em média na Europa, as grandes empresas são responsáveis por 36,4% do emprego, enquanto Portugal está 41% abaixo desse valor, com o emprego das grandes empresas a ser de apenas 21,5%.
Refira-se também que as grandes empresas pagam melhores salários, com os custos com pessoal por empregado a serem +16% do que nas médias, +27% do que as pequenas e +73% do que nas microempresas. Para a melhoria da produtividade em Portugal, e das condições de trabalho, é fundamental fazer evoluir as empresas, de micro para pequenas, de pequenas para médias, e de médias para grandes.
É também de considerar que a produtividade do trabalho varia entre setores de atividade, e que fatores como a adoção de novas tecnologias ou a concorrência internacional tendem a impulsionar a produtividade. Importa que a economia portuguesa atue em sectores de maior valor acrescentado, e reforce o peso de setores transacionáveis exportadores, expostos a maior pressão de eficiência e inovação.
As exportações de Portugal tiveram um crescimento assinalável e chegaram a representar 49,6% do PIB em 2022, descendo ligeiramente em 2023, para 47,5%. A média dos países concorrentes é de 61,6% e há mesmo dois em que esta percentagem ultrapassa os 80%: Eslovénia (84%) e Hungria (81,2%). Tendo um mercado interno limitado, é essencial que Portugal, aumente significativamente as suas exportações, para próximo de 80% do PIB, como se verifica, por exemplo, na Bélgica (86,7%) ou nos Países Baixos (85%).
Importa ainda ter em atenção a composição das exportações, nomeadamente o peso das exportações de bens de alta tecnologia no total das exportações. Na UE, os bens de alta tecnologia representam 17,3% das exportações, e em Portugal, apesar do crescimento, apenas 5,2% (dados 2022). Do grupo de concorrentes só a Grécia está ligeiramente abaixo, com 5%. Destacam-se a República Checa e os Países Baixos com 19%.
3 De acordo com estudo do Fórum para a Competitividade, 2021