PIB per capita recupera nos últimos dois anos face à média europeia, mas convergência exige um crescimento sustentado, de pelo menos 3% ao ano
Para alcançar a média europeia nos próximos dez anos, Portugal precisará de garantir uma taxa de crescimento do PIB per capita de, pelo menos, 3% ao ano, assumindo que a União Europeia continua a crescer conforme a sua tendência de médio prazo.
Nos últimos dois anos, o PIB per capita em Paridade de Poder de Compra (PPS) em Portugal tem demonstrado sinais de recuperação, apesar de ainda se encontrar a 83% da média europeia e ainda ao nível da posição que o país apresentava em 2010. Não obstante este progresso recente, que ainda assim é positivo face à situação pré-pandemia, Portugal ainda ocupa a 18ª posição no ranking europeu, carecendo de uma estratégia sustentada de crescimento. Este deve ser um objetivo nacional de curto-médio prazo.
Os últimos dois anos foram de inversão da tendência de afastamento da média dos países concorrentes: se em 2021 Portugal estava a 8 p.p. da média, em 2023 essa diferença esbateu—se para 1 p.p.. No entanto, países que integraram mais tarde a UE, como a República Checa, que em 2004 estava ligeiramente abaixo da posição portuguesa, inverteu em 2007 essa relação, tendo em 2021 atingido um diferencial de 17 p.p. e estando agora a 8 p.p. de Portugal. Em relação a Espanha, a diferença positiva face a Portugal ainda persiste, embora tenha vindo a diminuir ao longo dos anos, por demérito do país vizinho.
A recente evolução positiva do PIB per capita (em PPS) português tem por base o aumento da criação de riqueza, que cresceu a um ritmo superior ao crescimento da população e registou um aumento sustentado desde 2019, graças a um saldo positivo de imigração que tem superado o saldo natural negativo.
No entanto, para alcançar a média europeia nos próximos dez anos, Portugal precisará de garantir uma taxa de crescimento do PIB per capita de, pelo menos, 3% ao ano, assumindo que a União Europeia continua a crescer conforme a sua tendência de médio prazo (1,35%2). Este objetivo é ambicioso, mas essencial para que o país recupere o terreno perdido e fortaleça a sua economia a um ritmo mais acelerado.
Progresso vital para compensar o fraco crescimento económico acumulado desde 2000: nos últimos 23 anos, o PIB português cresceu 26,3% em termos acumulados, pouco mais de 1% ao ano, quando a UE cresceu 41,2% e os países concorrentes 61,9%.
2 Estimativa com base na média dos últimos 5 anos da taxa de crescimento do PIB potencial da EU (Fonte: Ameco)
